Começa mais uma corrida eleitoral, a disputa neste ano está
muito acirrada. O fato é que as eleições municipais têm algumas peculiaridades,
pois existem candidatos de todo o tipo, tem o engravatado que você nunca viu no
seu bairro e se eleito nunca mais o verá, tem o popular que fala com Deus e o
mundo e tem àquele que muitas vezes é o seu vizinho, mas nunca falou contigo só
que na época de eleição ele vem a teu encontro para apertar a sua mão.
Nesta época as ruas sempre estão limpas, salvo os panfletos
dos candidatos jogados no chão, mendigos abrigados, crianças nas creches,
campanha contra maus tratos a animais, beijos e abraços nos idosos. Realmente é
uma época linda, pena que dura apenas seis meses.
Eu fico imaginando um debate entre o “Zé da Couve” e do “Tião
do Alho”, sem dúvidas não há nada para acrescentar a população. Grandes
filósofos como Platão e Aristóteles eram contra a Democracia por se tratar da
expropriação dos muitos pelos poucos. É bem verdade também que foi a Democracia
que levou o seu mestre Sócrates à morte, talvez seja essa a aversão por este
regime de governo. Apesar de ter mencionado isto eu quero tratar de outro
assunto.
Como o nosso país é democrático se no artigo 14 da
Constituição Federal nos obriga a votar?
Democracia não enseja apenas em participação no processo
eleitoral, mas sim em uma maior participação do povo no controle de gastos
públicos, usufruirmos o Poder ao invés de nos amordaçarem, sermos mais cidadãos
e, principalmente, uma maior liberdade de escolha dos nossos atos. Liberdade
esta que foi retirada do povo brasileiro em todo o período ditatorial. Tal
ditadura que afetou gerações de brasileiros que passaram por tanto sofrimento e
que lutaram contra a opressão acaba nos atacando atualmente de forma maquiada,
pois apesar de não existirem mais atos institucionais existem os decretos e
medidas provisórias.
A quem diga que a obrigatoriedade do voto não possa ser
mudada por se tratar de cláusula pétrea, ou seja, cláusula de pedra, que não
pode ser modificada, mas conforme disposto do artigo 60, parágrafo 4°, inciso
II da Constituição Federal trata apenas da forma direta, secreta, universal e
periódica do voto, em momento algum informa de sua obrigatoriedade.
A não obrigatoriedade do voto faria com que existissem
candidatos mais comprometidos com a população. Trocariam votos por projetos bem
elaborados e não por pratos de comida. Faria com que tivessem candidatos mais
bem preparados, candidatos que não só prometessem construção de hospitais, mas
que além do espaço físico houvesse médicos e demais profissionais da saúde, que
não apenas prenunciassem por novas escolas, mas que estas tivessem além de
infraestrutura, profissionais capacitados e não carência como é possível se ver
em todos os setores públicos.
A população dos Estados Unidos em época de eleições vai às
ruas torcer por seu partido ao passo que o povo brasileiro só sabe torcer pelo
seu time de futebol. Talvez seja este brasileiro que o nosso candidato queira,
sem escolas, pois desta forma nunca saberão pleitear por seus direitos.
Enquanto isto não muda, já sabemos quem irá ganhar a corrida, o cavalo puro
sangue continuará na frente e o burro será passado para trás mais uma vez.
"Os
políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma
razão."
Eça de
Queiroz
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