Já estou tão acostumada a passar pelos usuários de crack que
integram o cenário de nossa cidade maravilhosa, que até me “emociono” em ver
tanta “indignação e benevolência” do Prefeito Eduardo Paes acerca do assunto.
Sua ação seria realmente inspiradora, se não fosse tão oportuna. No entanto, o
que mais me intriga é o fato da mídia noticiar a internação compulsória como um
fato novo, visto que essa mesma promessa foi feita no dia 13 de abril deste ano,
ou seja, seis meses atrás. Seria a simples falta de memória que assola os
brasileiros ou um mero jogo de interesses?
Não
é possível que sejamos tão manipuláveis. Ninguém precisa ser convencido que os “maltrapilhos”, vagando pelas ruas em meio
ao lixo e entulho, sob o constante delírio provocado pela droga, não possuem
capacidade de discernimento para exercer
suas próprias escolhas, isso é notório. O Crack é sim um problema de saúde
pública e algo deve ser feito, mas não dessa forma. O velho hábito brasileiro
de escolher sempre o caminho mais rápido! Para que recolher os dependentes se
não há locais e pessoas capacitadas para recebê-los? Trata-se de Políticas de Saúde ou de Higienização Social?
Realmente,
dependentes químicos não combinam com a cidade de cartão postal que o Prefeito
tenta vender desde a escolha do Brasil e do Rio de Janeiro para sediar a Copa
de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Tudo o que foi largado durante décadas precisa
ser revisto. Sendo a reorganização e limpeza da cidade características dessa
gestão, nada mais natural que tirar de cena aqueles que incomodam.
O
crack é um problema que requer um acompanhamento dos órgãos públicos, exige
preparo e estruturação, não demagogia! Varrer a sujeira para debaixo do tapete
não vai nos tornar mais limpos!
“Entre as drogas que
viciam o pensamento, a melhor é a verdade”.
Lily Tomlin