O meu direito começa quando o seu termina



A primeira lei que regeu o mundo foi a lei do mais forte. Neste momento quem detinha o monopólio era o mais forte. Ele controlava, embora em menor número, os fracos, sendo que isto ainda ocorre na selva e não deveria acontecer na sociedade. O mais fraco passou a se unir, vendo desta maneira a única forma de acabar com o Poder de quem o detinha na época. Grupos foram formados para expropriação do mais forte.

Com o passar dos anos o homem foi evoluindo, no entanto, nunca deixou de ser um animal, apenas diferindo-se dos demais por ser ele adestrado por seu dono, que é o Estado.

Aquele que não tem propriedade cobiça a do próximo, nasce então o furto e o roubo. Aquele que deseja o próximo e não pode tê-lo comete diversos delitos, ferindo diversos bens jurídicos alheios. O homem com o passar do tempo passou a utilizar a crença para dominar o homem, impondo o medo, então ele criou a igreja. A mesma igreja que hoje repudia os padres que constituem família é a mesma que antigamente, no feudalismo, não permitia, afinal, a igreja era a maior detentora de porções de terra, caso os padres pudessem se casar seus filhos seriam herdeiros dessas terras, o que não era interessante para ela. A crença, juntamente a religião freou por muitas vezes o processo evolutivo do mundo, pois pensadores como Nicolau Copérnico, que teve que ir contra as suas ideias cientificas por se tratar na época como heresia, Sigmund Freud ao explicar o “Complexo de Édipo”, dentre outros. A religião ainda tem grande influencia hodiernamente, pois apesar da laicidade do Estado, ele adota de forma maquiada algumas ideologias religiosas.

O mais fraco de antes se juntou e se tornou forte, passando então a escravizar o mais fraco. A exploração do trabalho escravo, fomentado pelo Estado, alavancou por muitos anos a economia mundial, no entanto, chegou um período em que ele se tornou caro. Surge então o trabalho assalariado.

O Estado sofreu grandes mutações ao longo da história. No primeiro momento da era moderna ele era detentor de todo o Poder, ou seja, era um Estado Absolutista, então os mais fracos exigiram mais liberdade, surgem os direitos de primeira geração. Com a liberdade, a burguesia assumiu uma posição de vantagem. A produção em larga escala por conta das Revoluções Industriais, onde houve a substituição do trabalho artesanal pelo das máquinas.

Com a finalidade de garantir maiores direitos aos indivíduos, surgem os direitos de segunda geração, os direitos de igualdade. Com esta nova geração de direitos o trabalho se tornou mais humano. Os primeiros diplomas legais foram elaborados aos poucos assegurando garantias como: salário mínimo, repouso semanal remunerado, licença-maternidade, além de uma jornada de trabalho mais humana, etc. Apesar desta medida tomada pelo Estado, ele agiu apenas para defender os próprios interesses, haja vista que o mesmo tinha medo do povo trabalhador querer assumir o Poder.

Durante o século XX ocorreram grandes guerras com a intenção de trazer mais fraternidade e solidariedade entre os indivíduos foram criados os direitos de terceira geração. O Estado passou a se preocupar mais com o meio ambiente, por conta de seu desmatamento, com as relações de consumo, tendo em vista a hipossuficiência do consumidor em razão do capitalismo selvagem.

Nos tempos de hoje vivemos na onda do Neoliberalismo. O povo não sabe escolher nem o seu representante, quanto mais saber qual o modelo de Estado ideal. O Neoliberalismo é, na verdade, um caminho isolado na contramão da socialização dos direitos e da efetivação dos direitos fundamentais do homem.

O certo é que já tivemos um Estado que detinha todo o Poder. Os mais fracos lutaram e conseguiram por conta da livre iniciativa deter os meios de produção. O Estado interveio e tentou equilibrar contando com um Estado Social. A verdade é que os poucos, no entanto, fortes, querem cada vez menos a intervenção do Estado, ou seja, a mão invisível do mercado soberana, ao passo que os muitos, consequentemente os mais fracos buscam o que é seu de direito. Então, continuaremos tendo o que não é possível no direito penal, mas o que ocorre no mundo desde a época de Raul Seixas, que é a vingança privada.

 

A riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo e não pela riqueza dos príncipes.

Adam Smith




Nenhum comentário:

Postar um comentário